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quinta-feira, janeiro 18, 2007

Paciência

Paciência

De esperar somos feitos
e só por esperar nada é feito
dizem que quem espera, sempre alcança,
mas não é sabido
que só alcançará
o que não esperar?

Certos conceitos se confundem em mim
De esperança vivo,
Esperança do que vem
Do amanhã, da resposta,
Do telefonema, do e-mail,
Do abraço, do elogio,
Da crítica, da opinião,
Do desconhecido.

Às vezes pagamos prá ver,
Por não saber esperar sem ver
Esperar sem ter,
Esperar sem saber.

Esperar não é crer sem ser?
Uma pequena certeza do que ainda não é,
Da idéia, do pensamento?
Esperar é a oficina dos sonhos.
De esperança são feitos.
Não há sonho concreto,
Neste caso temos fato.

Todo fato foi sonho e idéia.
Foi esperado, gerado, aguardado
Depois de criado, ainda informe e inexato
Recebeu o próprio sopro de fé
E houve.

Tempo

Tempo

Até quando falaremos o que nos vier à boca,
Apenas para saciar o próprio ego,
Para ferir,
Magoar
E contaminar
A mente e o ar,
O ser e o estar
E a inocência roubar?
Até quando serei mais importante
Que o andarilho errante,
A nuvem flutuante
E farei do meu semblante
Um modelo de ouro,
De valores invertidos
E sentidos degradantes?
Até quando viverei para mim,
Enquanto necessitados
Sentem-se acuados
Em seu subsistir,
Sem ter como agir
E suas vidas a sumir
Entre os dedos calejados
E os olhos marejados,
Sem saber o porquê
Do existir?
Até quando questionarei o mundo
E permanecerei estático,
Dizendo o que não faço,
Sabendo do modo relapso
Que trato tantos fatos
E negando o verdadeiro sentido,
A razão pela qual estou aqui?
Não sei.
Mas espero que seja até quando
Ainda for possível reverter o quadro,
Mudar o retrato,
Juntar o quebrado
E fazer valer o saber,
Aliando-o ao ser,
Tornando-os em fazer
E mostrando que agir
Realiza muito mais
Do que perguntar:
- Até quando?


Nota: Esse texto eu escrevi faz algum tempo... essa é tb uma das razóes desse blog, certo? Colocar coisas de que eu goste e tb coisas que criei.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

barquinho2

Lembrei da música que está logo abaixo e me deu vontade de colocar aqui.
O barquinho estava numa praia aqui pertinho e achei tão bonito ele sozinho no meio do mar que acabei fotografando.
Cantava muito isso quando era pequena e depois parei até o fim da adolescência quando de uma vez ela voltou a fazer parte do meu "repertório" de chuveiro, caminhada para o trabalho, ônibus...
Acho que os maiores ensinamentos são esses, que vêm da infância. Lembro daquela música "Bola de meia, Bola de gude" e vejo que minha idéia não é exclusiva.
A música do barquinho pode parecer infantil, talvez até simplória, mas me lembra de quem está no comando das coisas e do meu papel de me deixar levar...
Fácil não é! Mas a música é por sim mesma recomfortante e aos 24 anos, quando a canto, me dá a mesma alegria dos 5 e uma convicção interna que quero carregar até a morte. Amém!

barquinho1


Vêde!
Cautelosamente vai
um barquinho a vagar.

E o vento que é o seu motor,
não o deixa parar.

Minha vida é assim também:
não vive no mar,
mas vive a vagar!

Sou como um barquinho cruzador

Mas quem me conduz é o Senhor!

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Acordar, Viver

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, janeiro 06, 2007

Começo


Olá!
Uns anos atrás, ouvi falar de uns tais "blogs" que estavam ganhando espaço na internet...
Lembro que na ocasião eu não quis ter um, nem quis acessar... como se fossem aberrações da modernidade. E talvez fossem! Por que não?
Na verdade, aprendi a fugir de modismos, de coisas instáveis, de ventos passageiros... Como uma refúgio próprio, para evitar o fim de algumas outras tantas pessoas que, cegas por aquilo que podiam ver, distanciaram-se da verdade iminente, imutável e segura.
Segura. É essa uma palavra interessante. O que seria de verdade essa segunraça? E quais seriam as verdades??
Bom, aqui estou. Esse é o meu blog. O tempo celebra a mutabilidade humana!
Não tenho a intenção de explicar nada aqui. Nem tenho a pretenção de parecer conhecedora do que não sou. É mais um blog, como tantos outros blogs.
Um espaço das minhas próprias verdades, que talvez possam ajudar a alguns, complicar outros.... mas que são, por definição e apropriação, minhas.
Elis queria a casa no campo... talvez ela ficasse satisfeita com um blog...
Você é bem-vindo!