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segunda-feira, fevereiro 18, 2013

I tu?

Levi e eu conversando, enquanto ele saía do banho:
- Mãe, água fria faz mal prá pele?
- Não, faz até bem.
- Prá todo mundo?
- Depende. Quando a gente mora num lugar frio, banho só quente.
- Onde é um lugar frio?
- Em São Paulo, onde a mamãe nasceu, por exemplo. Na Romênia...
- Mãe, me conta mais. De vc em São Paulo.
- ... nasci lá, filho, morei até meus 18 anos. Depois fui para o interior, para outra cidade, Itu.
- E eu?
- ?
- Mãe, vc perguntou "e eu". Eu moro aqui no Rio Tinto.
Coisa linda da minha vida!!! Você sempre, sempre faz meus dias melhores (até quando tem um ataque de nervosismo amalucado como hoje à tarde). Caso leia isso um dia, petico, te amo! I tu tá no meu coração.

sábado, janeiro 12, 2013

Pensamentos maternos

Muita gente me pergunta a razão de eu não participar ativamente de algum grupo materno. Por exemplo, os que defendem em blogues a amamentação prolongada, ou o parto humanizado ou qualquer outra coisa.

A resposta não é simples e não tem ordem cronológica.

Sou defensora do parto normal. Mas tive cesárea. Não uma, duas. Defender o parto normal sendo mãe de cesárea... já viu, né? As "extremista pira tudo". Daí, mesmo que eu explique, ninguém entende e chove um monte de "vc não lutou o suficiente" e, ao invés de virar grupo de apoio, troca, crescimento, vira crucificação. Além disso, a maior parte das pessoas que defende que o parto seja humanizado, que o bebê seja respeitado em sua hora de nascer defende tb o aborto. Não entra na minha cabeça. Não posso marcar cesárea, porque meu filho tem que nascer na hora dele, mas posso abortar? Então eu não caibo.

Defendo a amamentação prolongada, exclusiva até os seis meses. Foi muito difícil o início da amamentação com o Levi, choramos muito de tristeza (eu e uma tia), de fome (ele), de dor (ambos), de medo (todos citados+meu marido). Daí, uma mãe que não conseguiu/quis amamentar fica chateada se eu mostro que para mim tb foi difícil, mas deu certo. E, em outra via, fiz o desmame noturno do Levi quando engravidei da Clara (1a3m) e ele desmamou geral mesmo até 1a8m. Ah, eu deveria ter amamentado mesmo depois da segunda filha, ah, mas isso, aquilo. Nunca é bom, nunca é certo. Não caibo.

Somos naturebas. As crianças comem frutas e verduras com o mesmo gosto que vejo outras devorando pacotes de biscoito recheado. Mas aqui não tem biscoito recheado. Mas tem cookies, que a mamãe aqui faz. E sim, eles comem. Tem muffin, cupcake. Sim! Eles comem. Mas o Levi pede berinjela. E brócolis. Quando comemos fora (muitas vezes, porque precisamso resolver coisas na capital), ele fica doido quando vê as saladas disponíveis num buffet. E tb fica doido quando vê um freezer de sorvetes. Mesmo que depois reclame um pouco do sabor. Faço pães, queijos, iogurte, bolos, pizza e um monte de coisas em casa, com integrais. Mas tb tomo uma casquinha ralé no parque, cheia de corantes. No grupo das mães natureba, eu não caibo também.

As mães geek! Ôpa! Tecnologia é comigo! Claro que tenho menos tempo que antes, mas uso Linux, gosto de fuçar, uso o terminal, porque sei os comandos. Quando não sei, entro no IRC e descubro, alguém me ensina. Gosto de fotografia, tenho uma máquina simples que dá bons resultados. Minha cozinha tem muitos equipamentos moderninhos. Falo cinco línguas (contando Libras), adoro museu, viajo um bocado. Mas eu não tenho Ipad. Não preciso, acho os aplicativos legais, porém desnecessários para mim hoje. Meu ex-celular (foi roubado semana passada) era um tijolão simples, dual chip (tenho família em SP, lembra?). Também não sou fã de Star Trek. Vixe, não caibo.

São exemplos, dentre tantos outros.

Os extremos são perigosos. O extremo nunca acolhe, ele segrega.

Há nuances em todas as cores... 

Bom, é isso. Mamães, uni-vos! Não estamos numa disputa. Estamos todas no mesmo mar. Algumas gostam de enfrentar ondas em suas pranchas, outras preferem um navio luxuoso, outras um barco à vela, algumas sentam à beira munidas de pás e baldes. Mas estamos todas banhadas pela mesma água, sob o mesmo sol.
Tá na hora de parar de jogar as embarcações umas nas outras e desfrutar a brisa, o cheiro suavemente salgado, o som libertador e contemplar o desafio gigantesco à frente. Numa tempestade, um surfista pode achar graça num navio e num naufrágio, qualquer barquinho pode ser a salvação.