Bom... não concordo - quem perguntou? - com isso. Olhe só, pense um pouco. Essa corrente de que um livro com poucas palavras é bom para a criança é uma via de mão dupla e não acho que deva ser aceita como teoria absoluta. Isso é baseado na atenção da criança? Na compreensão das palavras?
Acho que até um livro sem palavras pode ser excelente, mas um livro sem ilustrações também. E, ainda que uma mãe pense que o melhor é oferecer livros com figuras, dizer isso ao filho criancinha é criar um preconceito com as palavras, né não?
Como esse blog é praticamente um solilóquio, aproveito para pensar eu mesma comigo. O Levi sabe todas as letras e adora palavras. Ele tem acesso a quase todos os nossos livros, tem os dele no quarto, de fácil alcance, mas pode pegar os nossos. Lembro-me bem de um dia quando ele colocou um livro todo coloridinho na estante e pegou um dicionário para "ler". Fiquei observando e só. Mais tarde ele pediu um livro, fui buscar um dele e ele pediu o dicionário novamente, dizendo "mamãe, quero um só de muitas letras". E passou um tempão virando as páginas, concentrado.
Acho importante a palavra em si ter graça para a criança desde pequena e acho também importante não haver uma supervalorização das figuras. Alguém pode argumentar dizendo que a criancinha (estamos falando dos que eram bbs até ontem, com 2-4 anos) não tem capacidade de concentração para frases longas. Mas o exercício da imaginação é parcialmente bloqueado se ela sempre vê as figuras do que lê. Além disso, a concentração vem do exercício da leitura e do exercício de ouvir um adulto lendo.
Meu filho é enérgico, do tipo de sobe em árvore, que pula, que corre e luta para não dormir. Mas ele pode ficar horas ouvindo uma boa história, mesmo sem figuras, mesmo no escuro do quarto. Faz poucos dias começamos a inventar uma história nossa. Depois da rotina jantar/banho/leite/dentes/xixi/história bíblica/oração, começamos a criar nossa história para os dias em que ele reluta mais para dormir. São três cavalos, ele escolheu seus nomes, e eles estão sempre em busca de aventura e vamos criando juntos os caminhos, as personagens, tudo. É tão gostoso! Levi tem dois anos e nove meses.
A melhor forma de ajudar, na minha opinião, a que tenham recursos para alimentar o pensamento é, além de ler, vivenciar. Que a minhoca da imaginação seja a vista no jardim, que o castelo seja o construído no tanque de areia ou na praia com a família, que a música seja variada, nunca viciada e assim por diante.
Não é uma tese de mestrado, é só um pensamento e uma experiência, mas vamos ensinar nossos pequenos a amar letras, não só livros com figuras; vamos ajudar para que eles ampliem a experiência da criatividade, da imaginação; vamos permitir que desenhem mentalmente suas próprias fadas, monstros, reinos, línguas e enredos.
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