Essa semana tem muita gente nesse mundo de mães blogueiras pensando sobre o momento mais marcante/emocionante/especial que tiveram em relação à maternagem.
Não sei dizer precisamente qual o meu momento, porque quando lembro de um e penso "é esse!" me vejo em seguida com o mesmo sentimento em relação a outro.
Algumas coisas foram super, super, super.
Descobrir que estava grávida do Levi foi especial demais! Já tinha feito tratamento, já tinha tentado engravidar um tempão, repetido o trabamento e estava há quase um ano e meio tentando novamente. Nada de nada e a médica disse que seria melhor começarmos a pensar em adoção ou fertilização in vitro. Imagine, então, depois disso tudo, perceber que aquele atraso menstrual era diferente, que tinha uma barriguinha estranha, que tinha uma cintura estranha e fazer o exame de urina cedinho e ver duas listrinhas - uma beeem clarinha - e depois confirmar com o exame de sangue? Uma das melhores coisas da minha vida. Eu tinha certeza de que era menino, então ter a confirmação foi outra alegria imensa, porque eu queria menino.
O nascimento, ainda que por cesárea, às pressas, no fim da manhã do primeiro domingo de 2010, com a cara apreensiva do médico que já me vira em dias melhores e com a pressão melhor também, o nascimento foi incrível! Ouvir a voz do meu filho pela primeira vez, o primeiro filho, o meu menino.
A emoção surpresa ao ver um cotoquinho de 8 meses andando pela casa, com 9 andando pela rua sozinho, o primeiro "te amo"... sempre tem alguma coisa. A vida deles faz a nossa emocionante.
Do Levi posso separar a descoberta da gravidez como mais mais, o nascimento e quando disse que me amava.
Da Clara, tão petica ainda, não sei. Eu sabia que estava grávida e pronto. Não foi surpresa. Meu marido e eu conversamos numa tarde sobre filhos, achamos que seria legal parar de evitar, já tinha uma distância segura (por causa da cesárea). Dali uns dias eu já sabia que tinha gente na fôrma. Acho que foi emocionante saber que era menina, saber que nasceu bem depois de todo perrengue do fim da gestaçaõ e a assombração da pré-eclâmpsia de volta. Mas foi muito legal colocar meu primeiro macacãozinho nela. Eu amo olhar a foto em que o Levi a segura, com um pijaminho velhinho, cor desbotada e ela com meu macacão.
Sobre badulaques para guardar, tenho as pulseirinhas da maternidade, primeira roupa de cada, meu dito macacão, mecha de cabelo do Levi (a Clara nem tem ainda!), muitas fotos e o principal são cadernos com anotações que tenho feito e pretendo entregar quando estiverem adultos, saírem de casa ou ainda quando tiverem seus primeiros filhos - caso tenha paciência para tanto.
sexta-feira, maio 25, 2012
quarta-feira, maio 23, 2012
Desmamou mesmo?
Tive algumas dificuldades nos primeiros dias para amamentar
o Levi, como já citei aqui. Foram poucos dias, muito difíceis, mas nos
acertamos, a produção normalizou e tudo ok.
Ele sempre mamou muito, e sempre ficou feliz mamando. Era até
engraçado ver.
Já maiorzinho, ele andava pela casa e voltava só para dar um
gole, como quem mata a sede.
Isso de forma alguma atrapalhou a introdução de sólidos. Sempre
foi bom de garfo também, contrariando muitas crenças e ditos por aí.
Mas o desmame... não foi exatamente como planejei. Gostaria de
ter amamentado até os dois anos. Queria engravidar nesse tempo, como de fato
aconteceu, quando ele estava com 1 ano e 3 meses. O problema é que comecei a
ter contrações fortes, cólica de precisar ficar sentada de olhos fechados para
suportar e o obstetra disse que eu precisava parar imediatamente.
Saí do consultório chorando. Liguei para a pediatra, ela
disse que achaca preciptado tirar, porque ele gostava muito e estávamos bem
assim, mas que conversaria com duas amigas ginecologistas humanizadas, com quem
estava almoçando e me ligaria em seguida.
As amigas ficaram divididas, mas por fim, por causa da
cólica ser intensa, acharam que seria melhor interromper. Não tive coragem de
tirar de vez, num dia só. Cortei o hábito de mamar logo de cara (aqueles
golinhos) e mantive a de dormir e a da manhã, que sempre foi nosso momento
especial, porque ele acordava, ia para nossa cama e ficava mamando e
tagarelando.
Cortei a da noite, que me trazia mais desconforto. Ele sofreu.
Chorou muito, o pai o acalmava, cedi algumas vezes porque nunca tinha deixado
que ele chorasse por querer mamar.
Ele entendeu, acostumou. E, finalmente, tirei a da manhã. Conversei,
expliquei, disse que ele tomaria um copo de leite morninho ainda na cama e é o
que fazemos até hoje, porque é nosso momento especial, de ficar abraçados, de
conversar, de beijar. Nós dois gostamos muito disso.
O processo de desmame durou pouco mais de 2 meses, ou seja,
ele desmamou de vez com 1 ano e 6/7 meses. Se por um lado eu sofri, acho que
foi melhor. Conhecendo o meu filho sei que para ele seria mais difícil ceder enquanto
tinha a irmã mamando. Ele entraria em guerra mesmo, ficaria triste. Ceder para
ninguém é uma coisa, mas entregar para a irmã... tsc tsc.
Algumas vezes durante esses 4 meses de vida da irmã ele
chegou a pedir para mamar. “Só um poquitinho,
mãe”. Nunca cedi porque via que era um pedido sorridente, não ressentido e ele
sempre aceitou as negativas.
Mas anteontem foi fogo! Estávamos sozinhos em casa, ele
pediu diversas vezes durante o dia e na hora de fazer a Clara dormir, foi o fim
para ele. Começou a chorar, sentido de verdade.
“Mamãe, deixa a Clara e cuida de mim, me dá um mamazinho, ela não quer mais”.
“Não, filho, vc é menininho, não mama mais. Já termino aqui
e cuido de você, ok?”
“Mamãe (chorando), eu quero nascer de novo prá ficar
bebezinho e mamar”.
Ai, ai... além de malandro e inteligente, ele sabe me
quebrar. Quaaase dei, mas sei que teria sido pior para todo mundo, então
prometi que tiraria meu leite para ele num copo. Ele ficou quietinho para a
irmã dormir logo e disse que tudo bem.
Dei um banho rápido nele e fomos para a cozinha. Tirei o
leite, pouco, porque ele estava com pressa, ansioso. Ele tomou um golão tão
satisfeito! E só. Não quis mais, agradeceu e pediu o outro leite para dormir.
Acho que tinha um quê de curiosidade que aquele gole resolveu,
desmistificou. Ele disse estava muito gostoso, mas desconfio. Talvez não
estivesse assim tão gostoso para ele.
O fato é que resolveu. Pelo menos por enquanto, porque com criança
a única verdade absoluta é que eles sempre mudam.
segunda-feira, maio 21, 2012
O primeiro "eu te amo"
Levi começou a falar as primeiras coisinhas com 8/9 meses. Falar
mesmo, não aquela barulhada que eles fazem de mãmãmã, pápápá, que na verdade
não são palavras como muitos gostam de dizer.
Falou “papai” bem certinho assim numa manhã. Acordou, o
peguei no berço e ele foi para nossa cama mamar. Depois de mamar, ficou se
sacudindo feliz, como sempre fazia, olhou para o Fer dormindo e falou “papai”. Perguntei
o que ele tinha falado e ele repetiu “papai”. O pai mesmo tava no décimo sono e
não ouviu. Saímos do quarto um pouco depois para abrir a lavanderia (a Sofia
estava miando para entrar) e o Levi falou de novo, “paapai”.
Era papai e pronto. Dali uns dias fomos para a Romênia. Ele travou,
esqueceu-se do papai, das palavras e ficou mergulhado naquele mundo de novos
sons. Adaptado, começou a falar sim, dá (sim em romeno), tau-tau (tchau tchau)
e umas besteirinhas. Entendia tudo, nas duas línguas.
Voltamos para o Brasil e com um ano ele falava praticamente
todas as palavras, não frases, mas tudo o que precisava pedia pelo nome. Progrediu
rapidamente e logo ouvi o primeiro “te amo”.
A gente quase morre, né?
Que coisa mais inebriante ouvir o filho dizendo essas duas
palavrinhas. Parece que o mundo pára, que o tempo congela e os segundos podem
ser sentidos até no paladar.
Isso faz mais de um ano.
Mas não era exatamente o que queria contar.
Hoje ele estava particularmente grudado em mim. Insistiu para
mamar – desmamou durante minha gestação da Clara – e disse que queria nascer
de novo prá mamar. Depois de muita conversa, beijo, abraço, o coloquei no banho
enquanto fazia a Clara dormir. Ele saiu sozinho de lá e apareceu peladão e
feliz “mãe, já joguei a água fora, viu?”. Vi, filho, tenho visto cada dia uma
coisa nova.
Peguei o hidratante dele, cuequinha, camiseta de dormir e
ele ficou sorrindo, dizendo que estava feliz. E me abraçou, pulou no colo e
disse “mãe, te iubéc”. Hã? “Te iubéc, mãe, igual o papai.” Sorri feliz,
orgulhosa, com aquela mesma sensação de mais de um ano atrás novamente.
Ele me ama. Mas ele também ma iubesti. É te iubesc, ele esqueceu uma letrinha. Não
importa, tá começando, recomeçando a aprender a falar, agora igual ao papai.
Levi, si eu. Si eu te iubesc mult. (Levi, eu também. Também
te amo muito).
Romênia, com quase 10 meses, num outono lindo. |
sábado, maio 19, 2012
Pão de fôrma integral
Hoje foi um dia cheio.
O Fernando saiu logo cedo para dar aula em outra cidade. Isso sempre significa mais trabalho para mim e dia completamente sem tempo nem para respirar. Vai, exagero.. até consigo respirar, não consigo é tomar banho, mas esqueçamos disso.
Tinha almoço suficiente para mim e para o Levi. Requentei um arroz de cereais e feijão, fritei dois bifes ultra macios que separara ontem, a salada estava pronta e tinha uma sobrinha de purê de batatas de ontem à noite, que o Levi ama e aproveitou. Para o jantar, já tinha demolhado ervilhas, que ficaram deliciosas refogadas com bacon, tomate e cebola, servidas com arroz branco - item raríssimo em casa, inclusive o pacote já era - com cenouras e omelete.
Quando vi que horas eram, pensei que daria tempo de fazer um pão para o café, já que os outros dois tinham terminado ontem. Estava querendo fazer um pão integral, as receitas que encontrei em lugares "de confiança" eram em medidas e eu, vergonhosamente, não tenho balança. Aprendi a fazer pães por observação e em volumes.
Peguei uma receita de que gosto, não minha preferida, mas de um pão muito bom, fofinho de fácil e adaptei um pouco. A original pode ser encontrada aqui. Ela foi a inspiração justamente por ser um pão fofo, leve, que me deu coragem para substituir a farinha pela integral, mais pesada e seca.
Meu marido e um amigo americano que está em casa tinham acabado de jantar quando o pão saiu do forno, há alguns minutos. As crianças estão dormindo, deu tempo de eu saborear duas fatias calmamente - coisa rara em vida de mãe de dois peticos - e praticamente não temos pão suficiente para o café da manhã, já que devoraram mais da metade desse aqui. Nem tudo é perfeito.
É tão, tão fácil fazer, que ninguém pode se desculpar com falta de tempo. Fiz a massa, deixei descansando e fui dar banho nas crias, amamentar, contar história, escovar os dentes. Voltei à cozinha, moldei em dois minutinhos e cumpri o restante do ritual noturno do filhote mais velho, uma vez que a petica dorme assim que é posta no berço.
Vamos ao que interessa.
O Fernando saiu logo cedo para dar aula em outra cidade. Isso sempre significa mais trabalho para mim e dia completamente sem tempo nem para respirar. Vai, exagero.. até consigo respirar, não consigo é tomar banho, mas esqueçamos disso.
Tinha almoço suficiente para mim e para o Levi. Requentei um arroz de cereais e feijão, fritei dois bifes ultra macios que separara ontem, a salada estava pronta e tinha uma sobrinha de purê de batatas de ontem à noite, que o Levi ama e aproveitou. Para o jantar, já tinha demolhado ervilhas, que ficaram deliciosas refogadas com bacon, tomate e cebola, servidas com arroz branco - item raríssimo em casa, inclusive o pacote já era - com cenouras e omelete.
Quando vi que horas eram, pensei que daria tempo de fazer um pão para o café, já que os outros dois tinham terminado ontem. Estava querendo fazer um pão integral, as receitas que encontrei em lugares "de confiança" eram em medidas e eu, vergonhosamente, não tenho balança. Aprendi a fazer pães por observação e em volumes.
Peguei uma receita de que gosto, não minha preferida, mas de um pão muito bom, fofinho de fácil e adaptei um pouco. A original pode ser encontrada aqui. Ela foi a inspiração justamente por ser um pão fofo, leve, que me deu coragem para substituir a farinha pela integral, mais pesada e seca.
Meu marido e um amigo americano que está em casa tinham acabado de jantar quando o pão saiu do forno, há alguns minutos. As crianças estão dormindo, deu tempo de eu saborear duas fatias calmamente - coisa rara em vida de mãe de dois peticos - e praticamente não temos pão suficiente para o café da manhã, já que devoraram mais da metade desse aqui. Nem tudo é perfeito.
É tão, tão fácil fazer, que ninguém pode se desculpar com falta de tempo. Fiz a massa, deixei descansando e fui dar banho nas crias, amamentar, contar história, escovar os dentes. Voltei à cozinha, moldei em dois minutinhos e cumpri o restante do ritual noturno do filhote mais velho, uma vez que a petica dorme assim que é posta no berço.
Vamos ao que interessa.
Pão integral fácil, fácil
1 xícara de farinha de trigo
2 1/3 xícaras de farinha integral peneirada (juntar à massa
o que foi peneirado, é só para a farinha não ficar socada) (pode acrescentar
mais 1/3 se for necessário)
1 colher de sopa rasa de fermento granulado (5g) ou 15 g de
fermento fresco
1 colher de chá de mel
4 colheres de sopa de azeite extra virgem
1 xícara de leite morno
½ xícara de água morna
1 ovo ligeiramente batido
½ colher de chá de sal
Aquecer o leite e a água (menos de 60º), juntar o fermento e
o mel. Deixar descansar por até 10 minutos. Acrescentar o ovo, azeite, sal e a
farinha aos poucos, mexendo com uma colher.
A massa pode até ficar grudenta no começo, mas é melhor não
acrescentar farinha e sim sovar até estar elástica, não necessariamente seca.
Como aqui é muito quente e anda seco, sempre prefiro que minhas massas fiquem
um pouco pegajosas nessa etapa.
Deixar descansar por 1h30. Moldar, colocar em forma de bolo
inglês untada e levemente enfarinhada (caso seja de silicone, como a minha, somente
untar com manteiga) e deixar descansar novamente por 40 – 60 minutos, até que,
quando pressionada, a marca não volte rapidamente. Aquecer o forno a 190º e
assar por 25 minutos, até dourar. O pão deve estar com som de oco. Senão, é
possível voltá-lo ao forno e assar por mais alguns minutos, observando
atentamente pra não queimar.
Já sei que a foto é tenebrosa... mas o pão é delícia! |
quarta-feira, maio 16, 2012
Alimentação, aqui em casa foi assim
O Mamatraca está
falando sobre comida essa semana, eu já queria mesmo escrever sobre o assunto,
aproveitei a deixa.
Aqui em casa posso falar feliz sobre o assunto.
Depois de uma dificuldade inicial na amamentação do Levi
porque eu não tinha nem um pingo de colostro, as coisas se normalizaram. Ele perdeu
peso até o 10º dia, mas, depois disso, ao completar um mês tinha engordado
1,7kg. Dá prá ver que entramos nos eixos.
A amamentação com a Clara é igualmente tranquila. Em nenhum
dos dois casos tive fissuras, dor ou qualquer coisa semelhante. O Levi foi sem tomar
água até os seis meses e a Clara vai seguir assim no que depender de mim. Digo
de mim, porque pelo Levi ela já estaria comendo pizza.
Muita gente me importunava pelo fato de eu amamentar
exclusivamente. “Ele nunca vai aprender a comer direito”, “criança que mama no
peito dá trabalho na introdução de sólidos”, “não usa mamadeira? Ele nunca vai
aprender a beber água”.
Tudo besteira. Tudo crendice. Tudo furado.
Quando percebi que o Levi estava realmente interessado em
nossa comida faltava uma semana, pouco mais, para completar seis meses. Comprei
um copinho e ofereci o suco que ele tentava pegar do meu copo, no restaurante
do hotel em que estávamos. Ele provou, sorriu, provou novamente. Acabou. Os dias
foram seguindo assim. Ele se interessava, eu dava uma provinha. Usei o fim do
último mês para atiçar a curiosidade dele a respeito daquilo que comíamos, sem
negar nada. Queria feijão? Eu molhava o dedo e dava. Queria café? Idem.
No dia em que fez seis meses, peguei uma pera, cortei ao
meio, colherzinha em riste, comecei a comer a outra metade, ele quis, dei. Cara
de esquisito. Cara de quero mais. Cara de gostei.
Pera mais dois dias. Dei abóbora cozida no vapor. Dois dias,
qualquer outra coisa. Se fosse fruta, in natura; legume, cozido no vapor. Sem temperos,
sem misturas. Passei a dar um pouquinho do que eu comia com a colher dele. Nunca
triturei comida, peneirei, nada. Aqui nunca teve comida de criança e comida de
adulto. Se caldo de legumes industrializado não servia para ele, não servia
para nós todos. Se ainda não era hora de frutos do mar para ele, todo mundo
parou de comer. Achei que assim ele teria prazer em poder desfrutar da mesa
toda. Parecia maldade dizer “isso é seu, o resto não”. Tomava o cuidado de
repetir o cardápio pelo menos mais uma vez seguida para observar alergias e
afins. Não teve nada. Amou tudo.
Ah! Minto. De-tes-tou banana. Mas ele é meu filho, precisava
me dar esse orgulho. Eu detesto até o cheiro da banana. Achei justo ele ter
repulsa pelo menos um período. Ele chorava quando tentávamos, por isso
desistimos. Na Romênia, já com nove meses, ele quis a que o pai estava comendo.
Aprendeu a comer banana na Romênia. Tem lógica? Criança nem sempre tem lógica.
Não comia tudo numa refeição, ok. Comia e queria mais, ok.
Só tomava o cuidado de não deixar mamar antes das refeições,
por razões óbvias. Queria ensinar, não boicotar.
Nunca teve recompensa, negociação. Não quer comer, também
não enche os picuás e pica a mula da mesa.
Foi gostoso, tranquilo, normal. Continuou mamando e só
tivemos 10 dias de recesso alimentício ao chegar a Europa, o que é
absolutamente compreensível. Ele ficou só mamando durante esses 10 dias, sem
comer nada. Depois passou.
O que ele come? Tudo o que comemos. Quase nada
industrializado. Come pão, mas faço em casa, come alguma coisa doce, mas é
feita por mim, com ingredientes bons, se tiver açúcar, é demerara.
Come pizza. Refrigerante nem pensar. Temos um truque para
ocasiões em que há somente refrigerante como opção (na casa dos outros). Enchemos
um copo com água e pingamos o refrigerante, ao que ele apelidou de “água de
coca”.
Quase não consumimos sucos. Acho desnecessário, tenho uma
opinião não muito ortodoxa e não gosto de dar suco às crianças pequenas. Acho que
é melhor fruta in natura. Só prá pincelar, porque não vou dar todos os dados,
quanta frutose tem um copo de suco de maçã? E uma unidade da fruta? Pegou o
raciocínio?
Mas, o que nós comemos? Tudo. Arroz e feijão em média, uma
vez por semana. O resto pode ser bifum, panquecas, comida romena, mexicana,
americana, paulistana, paraibana. Não importa. Raramente comemos a mesma coisa
dois dias seguidos.
Come lanche? Come, se eu fizer o pão e o hambúrguer.
E ele está por perto quando cozinho. Dia desses estávamos só
as crianças e eu e não tinha a menor ideia do que fazer de almoço. Abri a
geladeira, ele colou em mim: “tá procurando o que, mamãe?”, “não sei, filho,
algo para comer, o que você acha?”. Ele olhou a gaveta de legumes e decidiu “mãe,
faz essa beringela aqui, ó”. E fiz mesmo.
Ele já cozinha também, do alto de seus dois anos. Já fez
brownie sozinho e ficou delicioso. Eu colocava os ingredientes na xícara e ele
colocava na tigela e mexia.
Isso quer dizer que vivemos no mundo perfeito da alimentação?
De jeito nenhum. Quer dizer que vivemos no mundo normal da alimentação. Só isso.
Ele come muito bem e muito em quantidade também. É magrelinha,
com uma energia de assustar. Mas tem dias que não quer nada. Tem dia que come,
repete, elogia (“mãe, isso aqui tá delícia!”).
Nós pais temos muitas expectativas com os marcos dos filhos
e comer é um marco também. Claro que fiquei tensa em alguns dias, quando ele
comida pouco – eu considerava pouco – ou quando não comia de tudo o que estava
à mesa. Fiquei chateada mesmo foi com os 10 dias sem comer nada vezes nada. Mas
sempre lutamos aqui para não parecer ansiosos com isso. Acredito que foi
fundamental. Demos liberdade para comer sozinho, se sujar, sentir a textura.
Se faço café, deixo sentir o cheiro do pó. Chamo, mostro,
explico. Se ele questiona sobre o vidrinho de vinagre, deixo provar também.
Sobre as besteiras, já mencionei acima. Industrializados,
uma vez na vida e outra na morte. Doces caseiros, com moderação. Não conhece
bicoito recheado, mas não entra aqui em casa nem para os adultos. Conhece chocolate,
50% cacau ou mais.
A Clara está com quatro meses e se interessa muito por nossa
comida. Mês que vem vou começar a dar a chance das provinhas no dedo e
aguardar.
Ela vai ter ajuda, um irmão mais velho bom de garfo e de
papo.
9 meses |
1 ano |
2 anos |
quinta-feira, maio 10, 2012
Ele tem razão
- Mãe, eu sou grande e a Caara (Clara) é pequena.
- É filho, você é maior que a Clara.
- Mamãe, eu vou crescer?
- Vai, filho. Vai ficar ainda maior, grande como o papai.
- E a Caara?
- Vai ficar grande como a mamãe.
-...
- Mãe... você não é grande, você é pequena!
- Uia! Por que?
- Você nem consegue pegar minha bola em cima do armário, só o papai é grande.
Dias depois:
- Mãe, pega minha peteca (ele fala qualquer coisa, menos peteca e a palavra muda sempre para isso), por favor?
- Meu amor, sua irmã está dormindo, não dá prá arrastar a cadeira agora (são pesadíssimas, de madeira) e, além disso, eu tô com as mãos de farinha.
- Viu, mãe? Você não é grande, é pequena.
Levi, 2 anos e 4 meses. Mereço?
- É filho, você é maior que a Clara.
- Mamãe, eu vou crescer?
- Vai, filho. Vai ficar ainda maior, grande como o papai.
- E a Caara?
- Vai ficar grande como a mamãe.
-...
- Mãe... você não é grande, você é pequena!
- Uia! Por que?
- Você nem consegue pegar minha bola em cima do armário, só o papai é grande.
Dias depois:
- Mãe, pega minha peteca (ele fala qualquer coisa, menos peteca e a palavra muda sempre para isso), por favor?
- Meu amor, sua irmã está dormindo, não dá prá arrastar a cadeira agora (são pesadíssimas, de madeira) e, além disso, eu tô com as mãos de farinha.
- Viu, mãe? Você não é grande, é pequena.
Levi, 2 anos e 4 meses. Mereço?
quarta-feira, maio 09, 2012
As mulheres da minha vida
Há quatro meses quero escrever isso.
Há quatro meses me tornei mãe de menina.
Desde que engravidei tinha aquela certeza interna de carregar
uma menina. Inicialmente o ultrassonografista disse ser outro menino, mas
alguma coisa dentro de mim me dizia para esperar e foi o que fiz.
Veio a novela do nome – um dia escrevo direito sobre isso,
acho – e aquela curiosidade gostosa de saber como seria o rostinho da minha bb.
E no dia 05 de janeiro deste ano, três dias depois do
aniversário de dois anos do irmão, a Clara chegou.
Tão linda, tão esperta, com
aqueles olhões arregalados para mim, tão calma, tão gostosa de segurar, de
cheirar, com uma micro boquinha vermelha carmim, pela branquinha e cabelos
ralos e escuros. Tão emocionante ouvir seu choro. Tão bom sentir seu rosto
junto ao meu antes de sair da sala de parto. De repente aquela emoção do
nascimento do primeiro filho estava de volta, agora em forma de menina.
Foi e tem sido igualmente assustador. Olhar para a minha
filha é olhar para mim mesma de um jeito totalmente novo, diferente. É me
enxergar refletida. É revisitar cada uma das mulheres da minha família.
Nos últimos anos inevitavelmente tenho reconhecido essas
mulheres em mim. Vejo muito da minha avó materna, na mania de passar tudo pela
água, na chatice com o marido ao volante, na rotina diária da casa. Vejo minha
avó paterna, sovo meus pães com a mão dela virtualmente repousando sobre a
minha, vejo meus movimentos parecidos com os dela, o gosto pela casa cheia, o
desejo de muitos filhos (ela teve nove), o “dom da reclamação” sobre todas as
coisas e a curiosidade sobre tudo. Vejo minha mãe, a cara de brava dando bronca
nos filhos, a criatividade para inventar brinquedos e brincadeiras nos dias
chuvosos. Vejo minhas tias, as risadas de algumas, a vontade de esganar de
outras e assim percebo que sou uma tela feita de pinceladas diversas de
aquarela, de cores diversas que produziram novas nuances ao entrar em contato
com os reagentes contidos em mim mesma e que refletem agora uma imagem única,
exclusiva, ainda que muito parecida com algumas ou todas elas, não caricata,
autêntica.
E temo. Não que o resultado tenha sido ruim... falaria eu
mal de mim ou delas?
Temo de um jeito não assombrado, mas ansioso pela nova tela
que tenho em mãos: minha pequena e silenciosa Clara. Que reagentes tem ela em
sua natureza? A tela parece branca, mas sei que não é apenas isso. Sei que logo suas cores
surgirão, sutis inicialmente, mais fortes e seguras no futuro. E tudo o que
desejo é ter a mão leve, o espírito aberto, os olhos criativos, o traço firme,
mas não rude, para que ela reflita a mais bela obra já vista.
Desde o início da gravidez a música da Clara – antes de
saber que era menina, veja bem – é “Father’s Eyes”, do Acapella Company. Ela sintetiza
o que espero para minha pequena.
* letra AQUI.
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